sexta-feira, 29 de maio de 2015

Paralelo I: Abraão e Ló

Bruce Waltke, em seu comentário do livro de Genesis, apresenta algo interessante sobre o paralelo das histórias de Abraão e Ló nos textos do capítulo 18 e 19 de Genesis, quando anjos vieram visita-los e transmitir-lhes algo que alteraram suas vidas. Lembrando que a história nos conta que Ló peregrinava juntamente com seu tio Abraão desde Hur (cidade na região onde atualmente fica o Iraque), mas a partir de um momento, devido ao aumento de seus rebanhos, decidiram seguir rumos distintos, pois a terra onde estavam não comportava ambos. Abraão, apesar de ser mais velho, em um gesto de humildade, permite que Ló seja o primeiro a escolher o local para estabelecer-se. Este, vê o vale verdejante bem irrigado do rio Jordão e o escolhe, habitando próximo a Sodoma, cidade que o narrador descreve como perversa. Abraão fica na terra de Canaã:

 
-Abraão estava diante da porta de sua tenda (habitação de peregrino).
-Ló estava em frente da porta da cidade de Sodoma (sinal de que se tornara uma autoridade naquela cidade próspera, mas perversa).

-Abraão, em humildade, roga para que os visitantes parem e se acheguem à sua tenda para comerem “algo”. Porém, quando os visitantes aceitam o convite, manda preparar uma mesa farta, com prontidão (ou agitação?), participando ele mesmo do preparo, apesar da idade, com o melhor que tinha, para acolher seus visitantes, ficando ao lado e em pé, debaixo da árvore, enquanto os visitantes comiam, sugerindo colocar-se em situação inferior, de servidão.
-Ló também convida e oferece aos visitantes um banquete, mas como um homem próspero e de autoridade, manda que seus servos preparem a refeição e come com os visitantes. Embora ambos (Abraão e Ló) devam ter oferecido pão sem fermento devido a urgência da situação, o narrador faz questão de mencionar este fato apenas no caso de Ló.

-A mensagem dos anjos para Abraão era de vida: ele teria um filho, apesar de sua idade avançada.
-A mensagem para Ló era para alertá-lo do perigo: deveria abandonar a cidade, pois sua destruição estava chegando devido a perversidade nela reinante, que ultrapassara o limite da tolerância divina.

-Após a refeição, os anjos perguntam onde estava Sara, sua esposa.
-Os anjos perguntam se Ló tinha mais familiares na cidade.

-Ao ouvir a mensagem, Sara ri, mas depois de repreendida, arrepende-se e posteriormente, recebe a promessa.
-Ao ouvir a mensagem, os futuros genros de Ló pensaram que ele estava brincando e não o ouviram, perdendo suas vidas.

-Abraão, em sua humildade, mas com iniciativa e habilidade, “negocia com Deus” para evitar a destruição da cidade de Sodoma, conseguindo uma condição para que ela não fosse destruída.
-Ló, apesar de ser um dos líderes da cidade, hesitante e atrapalhado (chegando a oferecer suas filhas), não consegue impedir que os habitantes da cidade tentem abusar sexualmente de suas visitas.

-Abraão, como peregrino no campo, intercede por Sodoma por compaixão de seus habitantes, procurando preservá-la.
-Ló pede para que possa ir para Zoar (uma outra, porém pequena cidade) pensando em si, pois não conseguia desvincular-se das comodidades da vida urbana.

-Abraão recebe a promessa: um filho, de sua esposa, Sara.
-Ló perde sua esposa e embriagado por suas filhas tem filhos com elas (incesto).

Esta, e outras observações, estão no comentário de Bruce Waltke, uma dessas pessoas que dedicam suas vidas para que possamos compreender melhor as Escrituras Sagradas.

Segundo o ensinamento destes eventos, humildade, hospitalidade, compaixão e fé são importantes para uma vida abençoada por Deus. Ser bem-sucedido dentro de um sistema corrupto, pode ser sinal de um coração dividido, trazendo desgraça para sua vida e da sua família.
Waltke, conclui a análise do trecho com o seguinte:

“Ele (Ló) falha como anfitrião, como cidadão, como marido e como pai. Ele quer proteger seus hospedes, mas precisou ser protegido por eles; ele tenta salvar sua família e eles pensam que ele está brincando; com medo de caminhar para as montanhas, ele suplica por uma pequena cidade, mas com medo da cidade, ele foge para as montanhas. Sua salvação depende da misericórdia de Deus e da benção de Abraão. ”

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